sexta-feira, 22 de março de 2013

Anjos e Demônios


Demônios são aqueles que te prometem prazer e oferecem dor; Anjos são aqueles que te prometem dor e oferecem prazer...
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A submissa estava sem dono e ansiava por um. Um de verdade. Não essas propostas diárias que recebia de aventureiros e outros piores ainda.
Então, o destino quis que, no mesmo dia, conhecesse duas pessoas especiais. Ela foi ao evento BDSM com um misto de apreensão e tédio. 

Temia encontrar mais algum maluco e, por outro lado, era difícil encontrar alguém realmente interessante num evento desses.
Quando estava pensando em ir embora do evento, apareceu um homem, muito bem apessoado, impecavelmente vestido com uma roupa clara, quase branca. Tinha um ar de absoluta tranquilidade. Ele foi conversando com ela e ela se sentiu imediatamente atraída pelo seu charme natural. Ele era educado e atencioso, falava de vinhos, SSC, literatura, de bondage, safeword, de aromas e sabores picantes, de beijos e sussurros e de atenção e cuidado extremos. Embora ele lhe parecesse quase baunilha, ela se encantou imediatamente pela atenção e alegria do homem. Ele era divertido e ela se viu rindo de suas colocações várias vezes. Por fim,o homem disse que queria cuidar dela, que ela seria "a mais mimada das submissas"...
Chegando em casa ela, como sempre fazia, entrou em seu facebook de submissa. E um outro estava lá, o conheceu direto pelo chat, e tinha uma eloquencia fora do comum. Sabia usar as palavras como ninguém e a conversa foi se apimentando naturalmente. Ele nunca era ofensivo nem direto, mas sempre insinuante, e quando ele sugeriu um video chat, ela - que nunca tinha feito isso com alguém que acabara de conhecer - consentiu. E não se arrependeu. O homem, que vestia uma jaqueta de couro negro surrada, era um modelo de beleza masculina, as feições do rosto másculas, viris. A voz, seu jeito sensual a DOMINAVA só ao falar e em pouco tempo, ela se viu molhada. Ele não falou de direitos, não negociou, disse apenas que ela seria dele, TODA dele.
Durante as semanas que se seguiram, ocorreu o impensável: ela começou a se encontrar com ambos. As sessões com o homem de preto eram de puro desejo, sedução e muito mais. Ela entregou cada pedaço de seu corpo a ele, foi carnal, física, sensual, dolorida e orgásmica. Por outro lado, as sessões com o homem de branco eram ternas, tenras, ela se sentia protegida, amada, querida e desejada. Ela entregou cada parte de sua mente a ele, foi pessoal, domada, mimada, beijada, entregue, e por fim sua alma foi completamente arrebatada pelo homem de branco.
Foi então que ela recebeu o golpe de misericórdia. O homem de branco levou-a para um fim de semana num chalézinho na montanha. O conjunto da lareira acesa, o fondue preparado por ele apenas para ela, as flores e as velas que iluminavam o quarto, tudo isso pode ter contribuído. Mas, no final, foi o sexo baunilha, papai-e-mamãe, recheado de promessas de amor e cumplicidade eternas que fizeram a diferença. Dois dias depois de tudo isso, ela se encontrou com o homem de preto e disse a ele que não haveriam mais sessões. O homem ouviu calado e para a surpresa dela, o fez com uma tristeza imensas. Ele bem que tentou argumentar, mas ela tinha se decidido.
Quando enfim, ela retornou ao seu novo dono para a próxima sessão, percebeu que havia algo no ar. Ele a havia convidado finalmente, para conhecer sua casa. Era uma mansão! Não imaginava que ele era rico desse jeito... Quando ela se despiu, sentiu-se zonza e em poucos momentos, percebeu que não tinha mais domínio sobre seus atos. Ele a levou pelos braços descendo uma escada escura e úmida. Um cheiro nauseabundo tomou conta dela, e uma sensação de náusea a invadiu. Mas ela estava realmente DOMINADA. Nada poderia fazer. Desceu numa sala aonde pedaços de corpos femininos estavam jogados pela sala. Uma perna, um pedaço de tronco, uma cabeça... A cena era tão horrível que, se não fosse pela força demoníaca que a afetava, ela teria desmaiado.
O homem, então, metodicamente, começou a retirar estranhos instrumentos de tortura de nichos na parede. Chegou perto dela, com o intuito de cortar alguma parte de seu corpo. Ela iria morrer de forma lenta. Neste momento precioso, ela olhou para as mãos de seu algoz e reconheceu o anel que o homem DE PRETO sempre utilizava... O que aquele anel estaria fazendo ali, nas mãos do OUTRO? Foi então que ela, usando toda a sua força de vontade, balbuciou, bem baixinho, o nome do homem de preto...
A mudança foi instantânea. As feições se modificaram e a própria roupa do homem tinha se tornado, de novo, negra e surrada. O homem de preto a levou pelas mãos, o entorpecimento que ela sentia desaparecendo a cada passo que dava para fora daquele lugar.
Seus dois donos eram um só; lados opostos e necessários à personalidade de um DOMINADOR, pois assim como a agonia não existe sem o êxtase, nem o carinho pode viver sem a dor... nem a verdadeira submissa sem seu verdadeiro dono.
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